A Loja dos Tachos

A Loja dos Tachos

Por:Manuela Moura Guedes, Jornalista

Cheguei esta semana à conclusão de que a Maçonaria, afinal, é uma instituição muito mais democrática e abrangente para fazer o Bem do que um qualquer Governo. Há maçons do PS, do PSD, do CDS e nem se percebe que, sendo “igualitária, “não tenha gente assumida do PCP e do BE.

Independentemente da cor política, os maçons entreajudam-se, é uma coisa entre irmãos, pronto. No Governo, já não é assim. Aqui, o Bem (entendido, claro, como os lugares de nomeação política e que fazem bem financeiramente às pessoas) só é distribuído entre agradecimentos por serviços prestados ou lealdades partidárias e na exacta medida dos resultados eleitorais conseguidos pelos dois partidos do Governo. É por isso que o CDS só tem Celeste Cardona no Conselho de Supervisão da EDP enquanto o PSD tem 4 “simpatizantes” e mais o antigo patrão de Passos Coelho na Fomentivest, liderada por Ângelo Correia. Ou terão sido os zelosos accionistas privados a pensar também nesta proporção? Nada disto teria importância se não tivesse sido a mesma coisa na CGD, nas Direcções Regionais da Segurança Social, nas Administrações de alguns hospitais, na Águas de Portugal e no facto de a EDP ter, na prática, o monopólio da energia e de a cobrar aos preços mais elevados de toda a Europa. Somos nós que pagamos, na factura da luz, os ordenados destes senhores, em média 55 mil a cada um, por mês. Pagamos isso e as reformas que alguns acumulam. Catroga é um deles, mas o caso de Paulo Teixeira Pinto parece-me mais bizarro. Foi reformado aos 46 anos por decisão de uma Junta Médica que o considerou incapaz para continuar a trabalhar. Passou a receber de reforma entre 35 mil a 40 mil euros por mês. Até agora, era o Fundo de Pensões da Banca que a pagava, mas, com a sua transferência para o Estado, vai sair do bolso de todos nós esta e todas as outras reformas altíssimas, o que já é responsável por parte da derrapagem do défice este ano. Estas verbas são obscenas para quem ganha 600 euros e leva cortes nos subsídios. Mas o Governo perdeu completamente a vergonha (e os maçons preocupados em ser secretos!). O descaramento com que tudo isto se faz só mostra que os portugueses calam e consentem. E quando é assim, não são corajosos, são parvos!